A
conquista da poesia
Era
um castelo erguido na montanha
da paisagem deserta submarina
tinha muros altamente inacessíveis
ao salto imaginário do meu pensamento
Minha musa você diga-me
onde mora a poesia
quero ir deitar-me com ela
quero amá-la toda a noite
Fiquei parado à porta do castelo
os muros tolhiam meus passos
mas de dentro vinhas gritos de alegria
de meninos correndo numa cerca
Minha musa você conte-me
a história da bela adormecida
que quando eu era menino
Manhanha gostava de me contar
No alto do castelo tinha um vulto
tinha uma mulher vestida de vermelho
lembrando-me todas as princesas encantadas
dos sonhos inocentes de minha infância
tinha muros altamente inacessíveis
ao salto imaginário do meu pensamento
Minha musa você diga-me
onde mora a poesia
quero ir deitar-me com ela
quero amá-la toda a noite
Fiquei parado à porta do castelo
os muros tolhiam meus passos
mas de dentro vinhas gritos de alegria
de meninos correndo numa cerca
Minha musa você conte-me
a história da bela adormecida
que quando eu era menino
Manhanha gostava de me contar
No alto do castelo tinha um vulto
tinha uma mulher vestida de vermelho
lembrando-me todas as princesas encantadas
dos sonhos inocentes de minha infância
(1925-2015)
Arnaldo
Carlos de Vasconcelos França nasceu na cidade da Praia, Cabo Verde, em 1925.
Graduado em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade Técnica de Lisboa, diz-nos António Miranda no seu site, donde trouxe este poema.
Ao jornal "A Semana" fui buscar estes elementos:
"Ensaísta de craveira, Arnaldo França escreveu
numerosos ensaios literários dos quais se destacam os dedicados à obra de
António Aurélio Gonçalves, Guilherme Dantas e Jorge Barbosa. Como poeta, também
participou, ainda enquanto estudante do Liceu Gil Eanes, na revista Certeza, e
mais tarde, graduou-se em Ciências e Políticas pela Universidade Técnica de
Lisboa. Foi um exímio crítico e estudioso da literatura cabo-verdiana",
escreve a página do Governo.
"França destaca-se, igualmente pelo seu enorme
contributo para a valorização da língua cabo-verdiana, tendo ao longo da sua
vida, traduzido para o “crioulo” alguns imortais da literatura de língua
portuguesa como Camões e Fernando Pessoa. Da sua obra fazem parte ainda várias
colaborações com nomes como Félix Monteiro António Carreira, Jaime Figueiredo,
ainda às vésperas da Independência, quando integrou o Centro de Estudos de
Cabo Verde. Animou a Revista Raízes, um marco fundamental no
pós-independência".
Muito mais há para saber sobre este grande Senhor.
Quanto a mim, para além de ter ficado presa na riqueza dos seus poemas fiquei embasbacada com as traduções para o crioulo de poemas de David Mourão-Ferreira, de Fernando Pessoa, ortónimo, e de três dos seus heterónimos mais conhecidos, aqui, na Esquina do Tempo. Qualquer coisa de sublime.
Em sua honra foi criado pelas imprensas nacionais de Portugal e de Cabo Verde o Prémio literário Arnaldo França, que irá distinguir, anualmente, escritores cabo-verdianos. O prémio foi anunciado no Festival literário Morabeza que decorre desde 30 de Outubro e terá o seu término hoje, dia 5 de Novembro.
É a primeira edição desse Festival literário que promete vir a transformar-se num grande festival lusófono.
Desejo-vos um bom domingo.
Abraço.
Maravilhosa postagem
ResponderEliminare mais maravilhosa ainda
essa poesia!
Grata por compartilhar.
Bjins
CatiahoAlc.
Que belíssimo «post»!
ResponderEliminarA minha vida não me permite acompanhar de perto tantas coisas que gostaria...e amo! Cabo Verde e a sua Literatura é uma delas.
Beijinho
Mais um poeta de Cabo Verde que não conheço. Deve ser interessante o Festival Literário Morabeza...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Boa Vista
ResponderEliminarincomensurável nas minhas memórias
poema de um lirismo encantador. delicado e terno.
ResponderEliminaranotei o nome do poeta, que não conheço
gostei muito
abraço
Uma leitura agradabilíssima...
ResponderEliminarO Festival literário Morabeza encheu-me de contentamento...
Quero lá ir...
Grande abraço.
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