sábado, 8 de julho de 2017

Mãe




I

Dantes, quando a deixava,
As férias já no fim,
Ela vinha à janela
Despedir-se de mim.

Depois, quando na estrada,
Olhava para trás,
Deitava-me ainda a benção
Para que eu fosse em paz.

Dali não se movia,
À vidraça encostada,
Até que eu me perdia
Já na curva da estrada.

Hoje, se olho, calo-me
E baixo os olhos meus!
Já não vem à janela
Para dizer-me adeus!

II

Chove, e a chuva é fria.
Noite! Nos montes distantes
O Inverno principia.
Um Inverno como dantes.

Ao redor do lume aceso
Todos ficamos a olhar...
Todos não, não somos todos,
Porque há vazio um lugar.

Esse lugar era o dela,
Que ninguém mais preencheu.
Mesmo com vida, na terra,
Era uma estrela no céu.

Alfredo Brochado
in "Bosque Sagrado" 



Nas minhas incertezas e dúvidas de adolescente, ela dizia-me: "No teu rosto, as tuas feições conjugam-se todas umas com as outras o que o torna perfeito." E quanto à minha silhueta, também me dizia de uma forma que me convencia: "Pareces uma espanhola", isso talvez obedecendo ao seu conceito de beleza e elegância. O certo é que me devolvia a confiança.

Hoje, dia do seu aniversário natalício.

Um bom fim de semana vos desejo, meus amigos.

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Poema: daqui
Imagem: daqui

1 comentário:

  1. Estimada Olinda,
    Linda e comovente homenagem...
    O meu grande abraço solidário.
    Beijinhos
    ~~~~

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