domingo, 8 de dezembro de 2013

Hanukkah - A Festa das Luzes

Termina hoje o Hanukkah, iniciado no dia um do corrente mês, a Festa das Luzes, celebrado pela primeira vez fora das portas da sinanoga, pela comunidade judaica de Belmonte. Essa sua expressividade pública indica como vão longe os terríveis dias de perseguição, de conversão compulsiva, de expulsão. Dias que foram séculos.

Mesmo assim há oitenta anos ainda se falava a boca pequena da sua existência ou ela própria não se dava a conhecer abertamente. É o que aqui se diz. A comunidade cripto-judaica de Belmonte foi revelada por um judeu polaco, chamado Samuel Schwarz, através de inúmeros artigos e entrevistas na imprensa judaica de todo o Mundo, que, por sua vez, deram lugar a visitas de individualidades importantes e novos relatos em livros e jornais. A sua principal obra "Cristãos-Novos em Portugal no Século XX" foi publicada em 1925, como separata da revista Arqueologia e História, da Associação dos Arqueólogos Portugueses, de que era membro.

Esses são alguns dos judeus que ficaram por cá e que foram obrigados a esconder as suas práticas, rituais e tradições, levando uma vida que não era a sua. Os que seguiram o caminho da Diáspora forçada, viram-se privados dos seus filhos menores de 14 anos e espoliados dos seus bens. Crianças sequestradas, umas entregues a famílias portuguesas cristãs e outras enviadas para povoar as ilhas de São Tomé e Príncipe, tendo morrido a maior parte com os rigores da viagem, do clima, das doenças. Esta circunstância vem referida na obra de Isabel Castro Henriques, 'São Tomé e Príncipe: a invenção de uma sociedade'.

Deste trabalho, de Esther Mucznik, recolho esta passagem relacionada com a situação dos judeus e com o pós-25 de Abril de 1974: 


Abrem-se os arquivos, surge à luz do dia a riqueza do contributo judaico, desde os primórdios da nacionalidade até ao decreto de expulsão, no sec. XV, mas, também, os horrores das conversões forçadas , a longa noite da Inquisição, as discriminações dos cristãos novos.
Portugal descobre-se e ao descobrir-se encontra-se com os seus judeus. O pedido de perdão simbólico de Mário Soares, então Presidente da República, em 1989, pelas perseguições que os judeus sofreram em Portugal e a Sessão Evocativa dos 500 anos do Decreto de Expulsão dos Judeus em Portugal, em Dezembro de 1996, no parlamento português, na qual foi votada, por unanimidade, a revogação simbólica do Decreto, marcam, de facto, um virar de página no relacionamento mútuo. 

Da Diáspora surgem-nos figuras de relevo, nomeadamente, nas letras e na medicina. Em tempos produzi aqui, no Xaile de Seda, alguns apontamentos sobre Amato Lusitano. Voltarei, em breve, com Baruch Espinoza (1632-1677) e Ribeiro Sanches (1699-1783) - homens que marcaram a sua época.    


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Desejo-vos um bom domingo.

Abraço

Olinda

4 comentários:

  1. Festa das Luzes, muito rica!!!

    Beijos

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  2. OI Olinda,
    Festa das Luzes deve ser muito bonita. Bem curiosa!
    Beijos e ótima semana!

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  3. O que mais me choca é o mal que fizeram às crianças. Fala-se, por exemplo, dos aborígenes e do que fizeram no país vizinho aos filhos de mães solteiras, mas cá também houve desses horrores.
    Beijinhos, bom domingo!

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