segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O POETA

Era uma vez um homem magro de cabelos brancos. Era uma vez um homem magro de cabelos brancos, barba branca e olhos doces de menino.


Era uma vez um homem doce de sorriso de menino, sem idade, um homem quase transparente, um homem que era poeta.

Os homens bons que são poetas encontram palavras exactas e belas para descrever as coisas e, melhor ainda, para descrever os sentimentos.

Era uma vez um homem que encontrou uma mulher bonita, com olhar meigo de menina. Essa mulher que o poeta encontrou sabia também o efeito lúdico e curativo das palavras. E, então, ela sentava-se, tranquila, rosto doce apoiado numa mão, ouvindo as palavras pausadas e sentidas do poeta.

E o poeta, sorrindo, apaixonado, dizia-lhe amanheceu a minha vida no teu rosto e ela sorria, um sol a nascer no olhar e o poeta continuava foste sonhada por meus olhos e minhas mãos por minha pele e por meu sangue e ela, lábios entreabertos, sorria, sentindo a pele beijada pelo olhar do poeta, sentindo a pele percorrida pelas mãos macias e quentes do poeta. E o poeta ajoelhava-se aos pés da mulher sobre a qual a luz incidia e dizia-lhe baixinho e é porque existes que se levanta o mundo em quotidianos prodígios. 

E então a mulher do poeta ajoelhava-se ao lado dele, passava-lhe os braços em volta do pescoço, sorria e dizia-lhe se o dia tem todo este fulgor é porque existes.

O que acontecia a seguir não sabemos nem nos diz respeito.





Olinda,

O pequeno texto que escrevi sobre poema de António Ramos Rosa dedicado a sua mulher Agripina, talvez seja adequado a este espaço aberto, agora, ao amor...

UJM, muito obrigada, são especiais e com muito significado para mim os textos que escreve no 'GINJAL'...

Mote para este post: Quinzena do Amor
Imagens:
António Ramos Rosa e desenho da
sua autoria, retiradas da Net (Google)

16 comentários:

  1. Respostas
    1. Um texto lindíssimo, @Escritora.

      Obrigada pela sua presença.

      bj

      Olinda

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  2. António Ramos Rosa, gosto da sua poesia e gosto do seu post
    (MUITO). E viva o amor!!!
    Bj.
    Irene

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    1. Olá, Irene

      Obrigada por gostar deste post, com o texto da nossa amiga, Um Jeito Manso.Texto escrito a partir de um poema de António Ramos Rosa.

      Bj

      Olinda

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  3. Querida Olinda,

    Muito obrigada pelas suas palavras.

    Como sabe é sempre muito bem vinda quando vai a passeio até ao meu Ginjal. Gostei de ver o meu textozito aqui, nesta casa tão calorosa.

    Uma vez mais muitos parabéns pela ideia.

    Um beijinho.

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    1. Querida UJM

      Foi um prazer enorme fazer este post com o seu texto.Fico sempre perplexa com os textos que escreve tendo como ponto de partida outros autores. Às tantas, o que escreve ganha asas, torna-se livre e independente, pondo à mostra um manancial inebriante de talento. E não é só no Ginjal. No 'Um Jeito Manso', propriamente dito, a coisa é outra aí ninguém a segura
      é dinamismo, é raciocínio, é arte. Em ambos os casos, acompanhada por música, boa música, música excelente...

      Muito obrigada, minha amiga.

      Beijos

      Olinda

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  4. Grato pela visita ao meu blogue.
    Grato também pelo que escreves aqui.

    Abraço fraterno.

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    1. Olá, Eurico

      Sabe? Soube do Sítio d'Olinda por Canto da Boca. Tenho estado a acompanhar com muito interesse as informações sobre essa linda cidade, sobre a sua tradição, que publicou nos últimos dias.

      Muito obrigada.

      Abraço

      Olinda

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  5. O texto agradou-me...muito mais que os poemas de Ramos Rosa, que não é dos meus poetas preferidos.

    Bons sonhos, linda

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    1. Olá, São

      Os textos de UJM são sempre lindíssimos. Sigo-a e leio-a com grande interesse.

      Uma noite feliz.

      Bj

      Olinda

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  6. O amor é sempre lindo e quando o sentimos verdadeiramente conseguimos até ser poetas. Podemos nem saber alinhar tão bem as palavras seja em verso, seja em prosa, mas amor é sempre poesia...amor pela pessoa amada...amor pelos amigos...amor pelas pequenas coisas da natureza... amor pela vida. Amor é o que nos faz prosseguir, mesmo quando ele dói. Um beijinho, Olinda e está a ser excelente esta tua maratona do amor.
    Emília

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    1. Querida Emília

      É verdade, minha amiga, o importante é sentir, sentir com o coração, com a alma, em todos os instantes da nossa vida. Esta dádiva imensa que se renova todos os dias, quando acordamos de manhã, o ar que respiramos e tudo o que nos é dado, um verdadeiro milagre...

      Obrigada por me acompanhar nesta maratona, que é nossa, minha e de todos vós, pois é convosco que ela se tornou possível.

      Beijinhos

      Olinda

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  7. ADOREIIIIIIIIIIIIII..UM XI CHEIO DE CARINHO COM SUUUUrrisinhos <3

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    1. Susaninha

      Que bom ter vindo. Muitos beijinhos, minha querida.

      Olinda

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  8. Obrigada, Elvira. A nossa querida UJM, com os seus textos, proporciona-nos sempre momentos de excelente leitura.

    Bjs

    Olinda

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